
Este é um post da INICIATIVA GURPS! Estes posts são sempre conjuntos, temáticos e periódicos. Assim, de 15 em 15 dias, você pode conferir a visão de vários autores sobre um mesmo assunto O tema desta edição da INICIATIVA GURPS é CRIATURAS MÍTICAS!
Este post também pode ser chamado de: 'Porque não usamos nossa própria cultura nos jogos de RPG'. Pensando nisso, resolvi trazer algumas idéias de como usar a mitologia brasileira em campanhas medievais, onde a cultura européia é predominante.
Todos nós conhecemos as lendas do minotauro, sabemos como vivem os elfos e jogamos em mundos onde vários deuses são adorados. Mas pouco conhecemos da cultura brasileira. Devo dizer, que a meu ver, isso ocorre porque a mitologia brasileira não é tão rica em fatos e lendas como a das várias civilizações européias. Isso também se dá porque a história pré-colombiana do Brasil não foi escrita, não há muitas informações sobre isso. Enquanto na Europa temos todas as lendas escritas e discutidas por grandes nomes da história.
Outro fato é justamente a mistura etnica que o Brasil possui. Essa pluralidade cultura acabou misturando lendas indigenas com lendas africanas e deixando a história original mais rasa, sem muito aprofundamento.
Isso não quer dizer que ela seja ruim, ela ainda pode ser muito aproveitada por nós rpgistas. Eu mesmo não conhecia grande parte do que vou apresentar hoje, apesar de ser professor de história. Mas o pouco conhecimento que consegui através de pesquisas recentes (leia-se wikipédia) vou dividir com nossos amigos gurpeiros.
Vou apresentar algumas criaturas do repertória da mitologia brasileira, além de idéias de como inserir em campanhas medievais fantásticas. O fato é que, a grande maioria destas criaturas são relacionadas com florestas e matas, então este já é um fator limitante, mas que pode ser aproveitado por um bom mestre.
BOITATÁ, também conhecido como fogo que corre. o Boitatá é uma cobra de fogo que protege as matas e os animais, extremamente agressiva, pode atacar e matar quem desrespeite a natureza. Este é considerado um dos primeiros mitos do folclore brasileiro, tendo realtos desde 1560.
O boitatá pode facilmente substituir qualquer criatuas da floresta que seja agressiva com estranhos, principalmente homens e anões. Sua relação com os elfos não seria tão amigável, seria algo mais neutro. Exemplos de criaturas assim são os centauro.
Porém eu colocaria o Boitatá como uma criatura única, mais agressiva que os centauros e não tão inteligente, mais próxima do lado animal. Poderia ser criação do(a) deus(a) da natureza para proteger uma grande porção de florestas, ou até mesmo para proteger algo importante para a deus(a).

BOTO. Esta é uma lenda mais nova do que o boitatá, sendo criada por mulheres que pulavam a cerca e diziam que tinham sido seduzidas pelo boto. Na lenda, o boto é capaz de se transformar em um homem elegante com a capacidade de encantar as belas mulheres de regiões ribeirinhas.
Há até algo já parecido com isso, no caso seriam as sereias, que com seu canto poderiam deixar em transe os homens. Então esta lenda pode ser facilmente encaixada como uma versão das sereias, porém mais presentes nos rios. seria até mais interessante que existissem botos em versões masculina e feminina.
Esta idéia é boa para narrações pequenas, como por exemplo, resolver o sumisso de belas jovens que viviam próximas de algum rio importante.

CAIPORA. O caipora é um pequeno indío de pele escura, sempre nú e aparece montado em um poroc do mato, ou javali. Ele é o protetor dos animais e vai atrás dos caçadores que não cumprem seu trato de caça. Porém há formas de se afastar e de enganar o caipora. Ele é suscetível a luz, então grandes tochas ou fogueiras são capazes de afastar esta criatura. Ele também gosta de fumo, então ele é capaz de se render a boas ervas de fumo deixadas para ele.
Assim como o boitatá, este ser é um protetor das florestas, podendo ser usado em campanhas medievais como um avatar do(a) deus(a) da natureza, ou uma criatura poderosa, capaz de se transportar através das florestas. Esta criatura caçaria os caçadores que não respeitassem a conduta de um caçador (caçar femeas grávidas ou filhotes).

MULA-SEM-CABEÇA. Esta lenda foi trazida pelos portugueses e tranformada aqui. Acredita-se que uma mulher é transformada em mula sem cabeça se deitar-se com um padre, assim ela se transformará em mula nas noites de lua cheia e deverá percorrer sete povoados, começando e terminando no povoado no qual se originou o pecado. A mula sem cabeça possui fogo no lugar de sua cabeça, cascos de ferro que produzem um salto hediondo e, apesar de não ter cabeça, relincha mais alto que qualquer cavalo.
Esta lenda foi criada com a intenção de afastar as mulheres dos padres. Talvez seja um pouco mais dificil adapta-la para mundo de fantasia medieval. Mas eu colocaria como um tipo de maldição divina para as mulheres que fizessem algo contra alguma divindade em especifica. Ou talvez até mesmo uma criação divina para perseguir quem fizesse algo contra esta divindade.
CUCA. Esta é conhecida por todos. Uma velha, com rosto de jacaré e unhas de gavião que rouba crianças desobedientes. Apesar de seu visual mais conhecido ser de um jacaré bipede de cabelos loiros, devido ao sítio do pica-pau amarelo.
Talvez a mais fácil de adaptar. O surgimento de uma estranha criatura em um vilarejo, e crianças sumindo. Cabe aos heróis descobrir que criatura é esta e salvar as crianças desaparecidas. Mas lembrando que esta criatura é uma bruxa, então não se esqueçam de usar magias.

CURUPIRA. Sua lenda é semelhante à do caipora, o que muda é apenas o visual, Este é um índio de cabelos em chamas e pés virados para trás. De resto pode se usar tudo o que foi dito acima.

SACI PERERÊ. Um menino negro de apenas uma perna, que fuma cachimbo e usa um gorro vermelho, que, supostamente, lhe confere poderes mágicos. O saci gosta de pregar peças, espantano cavalos, colocando fogo nas plantações, secando o leite das vacas. A lenda diz que ele se movimenta dentro de um redomoinho de vento. Ele também é conhecido pelo grande conhecimento de plantas medicionais.

Mais uma vez uma criatura da floresta que pode ser aproveitada como um espirito da floresta que prega peças nos viajantes e moradores, mas com grande conhecimento sobre plantas. Possível que seu companheiro de grupo ou pessoa importante precise de uma erva que apenas o saci conhece.
Esta foi apenas uma pequena pincelada sobre a mitologia brasileira, como falei ela é uma mistura da cultura indigena, negra e até européia. Apesar de não ser tão profunda como a mitologia das civilizações europeias ou asiáticas, dá para aproveitar bastante coisa e até dar idéias de novas aventuras para suas narrações.
Se alguém quiser complementar o que foi dito use o espaço dos comentários à vontade.
OUTROS POSTS DA INICIATIVA GURPS TEMA CRIATURAS MITICAS:
Rpgista:
A FÊNIX
GRIFOS
Gurps Brasil
TIAMAT
Não esqueçam de votar nos temas das próximas quinzenas,CLICANDO AQUI .
Rpgista:
A FÊNIX
GRIFOS
Gurps Brasil
TIAMAT
Não esqueçam de votar nos temas das próximas quinzenas,CLICANDO AQUI .
Fernando del Angeles
3 comentários:
Cara ficou muito maneiro.Depois dessa ideia deviamos usar estes tipos de lendas nas narrações vai show imagine caçando a cuca ou sendo caçado pelo boitata ia ficar legal pra caramba.
Ficou realmente muito legal.... e essas ideias de usar essas lendas em uma narração são boasa mesmo...
seria legal esperimentar
A versão feminina do Boto é a Iara (http://pt.wikipedia.org/wiki/Iara)
Postar um comentário